Cleveland Cavaliers: Quando resistir já é um ato de vitória

Cleveland Cavaliers: A dor do fim e a beleza de não ter fugido dele

É oficial: o Cleveland Cavaliers põe um fim precoce na temporada promissora de 64 vitórias, em casa, no Jogo 5. Eles foram eliminados pelo Indiana Pacers, com um placar de 114-105. Faltou corpo, não alma: o Cavs caiu sem forças físicas.

É um final frustrante por muitos motivos, porque havia esperança de que esse ano pudesse ser diferente — com o talento, um começo histórico de 15 vitórias consecutivas e uma temporada de 64 vitórias sendo enterradas de forma muito precoce. Mas essa eliminação precisa ser contada com a dignidade que merece. Não foi bonito. Mas foi honesto. Foi humano.

Darius Garland poderia assistir ao seu time perder no banco, pois sua lesão era motivo para ficar fora por dois meses. Mas, mesmo com muita dor e mal conseguindo pisar na quadra, ele escolheu lutar e resistir. Mesmo assim, seu sacrifício foi ignorado, pois está sendo alvo de críticas e cobrado como se estivesse saudável.

Evan Mobley, com o tornozelo machucado e mobilidade reduzida, seguiu tentando contestar o garrafão mais veloz dos playoffs.

Donovan Mitchell entrou em quadra lidando com uma distensão na panturrilha e um tornozelo torcido. Apesar das limitações físicas, ele foi capaz de anotar 35 pontos e pegar nove rebotes. Mitchell não estava lutando por prêmio e visibilidade. Ele estava lutando por respeito ao uniforme — e, mesmo assim, sua nobreza silenciosa está sendo uma parte esquecida dessa história.

Não se mede grandeza só por vitórias. Mede-se também por sacrifício. E esse elenco deixou tudo o que podia. Talvez até mais do que devia. Mitchell chegou a bater no próprio tornozelo, de frustração. Garland mal conseguia firmar o corpo. E, mesmo assim, foram lá. Jogaram. Tentaram.

A mídia esportiva, muitas vezes, prefere o impacto à verdade. Preferem escrever “colapso” ao invés de “sacrifício”. É mais fácil gerar clique dizendo que o Cleveland Cavaliers “pipocou” do que admitir que o time sangrou até onde pôde.

A série foi dura. E o Indiana Pacers estava mais saudável, coeso, taticamente afiado. Mas a impressão de quem apenas olha o placar final é cruelmente equivocada: o Cleveland Cavaliers não perdeu por ser fraco. Perdeu porque foi esgotado ao limite.

Perdeu porque jogou com sacrifício, com medo de estourar o físico de vez. Perdeu porque os playoffs da NBA exigem intensidade e consistência — e nenhum jogador consegue oferecer isso quando mal consegue pisar no chão sem dor.

Esse grupo não tem nada a ver com o de 2023. Pode até ter sido eliminado precocemente, mas os contextos são radicalmente diferentes. Em 2023, o time se apagou, se encolheu, se escondeu. Em 2024-25, o time sangrou. Lutou contra o corpo, contra a desconfiança, contra a mídia que zombava dos seus tropeços. E, ainda assim, voltou para a quadra. Isso não é fracasso. Isso é coragem.

Então, não. Esse time não é fraco. Esse time é machucado. E, ainda assim, enfrentou o ataque mais veloz da liga com uma defesa improvisada, com um banco sem resposta, com os próprios joelhos rangendo. Se isso não é luta, nada mais é.

É preciso ser lembrado da dor e da grandeza de um time que foi até onde dava e que, mesmo sendo ignorado, escolheu cair de pé. A história vai esquecer e a maioria vai zombar. Eles caíram, mas não fugiram. Não foi vergonha. Foi excesso de entrega.

Foto: Instagram @cavs

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3 comentários em “Cleveland Cavaliers: Quando resistir já é um ato de vitória”

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