Jarrett Allen: o pilar silencioso que o Cavs não pode perder

A franquia pode se desfazer de Jarrett Allen — mas a que custo?

Jarrett Allen encerrou mais uma temporada como o pilar silencioso do Cleveland Cavaliers. Mas, com a nova eliminação para o Indiana Pacers e o surgimento de rumores de trocas, o Cavs se vê diante de uma das decisões mais delicadas de sua reestruturação: manter Allen como o centro de sua defesa ou sacrificá-lo em nome de ajustes ofensivos e maior versatilidade.

Essa poderia ter sido a melhor pós-temporada na carreira de Jarrett Allen. E foi, parcialmente, quando o pivô fez cinco duplos-duplos em nove jogos. Mas, nos últimos dois jogos, ele somou apenas seis rebotes. Após mais uma eliminação duramente precoce, há muita frustração e decepção em torno de Allen, pois se esperava mais dele, já que era o único membro saudável do Core Four.

“Acho que Jarrett (Allen) é o alvo fácil, certo?”, disse Altman. “Vamos citar Jarrett no Jogo 5, quando ele não estava no seu melhor. Acho que ele seria o primeiro a dizer que, naquele espaço, é aí que você precisa elevar o nível dele. Mas todos nós meio que fizemos isso, certo?”

Agora, o nome do pivô está frequentemente aparecendo nos rumores de troca. E o Cavs vive o seu maior dilema: Jarrett Allen é parte da solução ou do problema?

A ideia de negociar Jarrett Allen pode parecer atraente no papel: liberar espaço no garrafão, tornar a equipe mais versátil e abrir margem financeira. Mas há um risco subestimado nessa equação — trocar Allen pode resolver problemas numéricos, mas criará um buraco que estatísticas não conseguem medir: quem vai assumir a missão ingrata de proteger a defesa todas as noites? Ou melhor, quem vai ser tão altruísta quanto Allen?

Quando falam em troca, esquecem que Jarrett Allen é quem dá equilíbrio a uma equipe que, sem ele, corre o risco de desabar. Abrir mão de Allen seria mais do que perder um pivô; seria abdicar de uma identidade construída com suor e entrega.

O jogador de 27 anos vem de uma temporada sem muitos holofotes. Foi um pilar silencioso de uma campanha de 64 vitórias, onde foi uma presença indispensável e consistente. Ele jogou todos os 82 jogos e teve médias de 13,5 pontos por jogo e 9,7 rebotes.

Allen foi uma presença indispensável na defesa do Cavaliers ao lado do Defensor do Ano, Evan Mobley. Mas, mais que sua dupla, ele foi o seu mentor e não ligava de ceder seu espaço para a sua evolução, enquanto torcia pelo sucesso na lateral, no banco de reservas, no final de várias partidas. Com isso, fica uma pergunta: que outro jogador poderia ajudar e se sacrificar por Mobley tanto quanto Allen?

“Com o Evan, meu objetivo sempre foi tentar ajudá-lo a se tornar o melhor jogador possível e não atrapalhar. Basicamente, facilitar ao máximo o desenvolvimento dele. Se isso significa que preciso marcar o cara mais forte, deixe-me fazer isso. Se eu tiver que assumir o peso da fisicalidade, que assim seja.” — disse Jarrett Allen no The Players Tribune. “O que eu puder fazer por esse cara, basicamente farei. Porque eu vejo o que ele pode ser. Todos nós vimos isso muito cedo. Sabíamos que, quando ele se juntasse, seria isso que nos levaria ao próximo nível.”

Talvez Allen não seja a estrela mais reluzente, mas é quem segura o teto para que os outros brilhem. Muito além das médias de rebotes e tocos, Jarrett Allen representa segurança. Ele é aquele jogador que, mesmo sem dominar os highlights, entrega consistência todas as noites. Quando falam em troca, esquecem que Allen é quem dá equilíbrio a uma equipe que, sem ele, corre o risco de desabar.

Jarrett Allen, nos últimos jogos, não foi o que costumava ser na temporada regular e parte do que foi nos playoffs. Ele poderia ter feito mais, pegado mais rebotes? Sim, poderia. Mas o jogador que ele foi para essa franquia nos últimos anos, seus sacrifícios e entregas, deveria ser considerado antes de aparecer em rumores de trocas

“Jarrett continua incrivelmente importante para nós. Não somos um time com 64 vitórias e apenas um cabeça de chave sem ele”, disse o presidente de operações de basquete, Koby Altman. “Não vamos melhorar muito se estivermos falando em nos afastar de Jarrett.”

Allen não precisa de holofotes, precisa apenas de reconhecimento: ele é o coração silencioso do Cleveland Cavaliers. Antes de pensar em trocá-lo, o Cavs precisa se perguntar: está pronto para abrir mão de sua estabilidade mais sólida? Entre mudar a base ou reforçar o alicerce, Cleveland tem diante de si a decisão que pode selar não apenas o futuro de Allen, mas também o da própria franquia.

Jarrett Allen é aquele jogador raro: nunca será a estrela de um pôster, mas sempre será a peça que mantém o time de pé.

Foto: NBA.com / Divulgação

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