Após derrota humilhante e lesões em série, o Cleveland Cavaliers encara seu maior desafio: reencontrar a dignidade antes que seja tarde
Da forma mais humilhante possível, o Cleveland Cavaliers vê a sua temporada promissora por um fio, com a derrota para o Indiana Pacers por 129-109, sendo a maior distância de 43 pontos.
Era para o Cleveland Cavaliers jogar com senso de urgência e levar a série empatada para Cleveland. Mas o que se viu em quadra foi muito mais doloroso do que o placar sugere: a postura foi vergonhosa, a linguagem corporal era de quem já tinha se entregado para a derrota. Um time apático, desorganizado e sem respostas. Uma atitude que não era esperada para um time de 64 vitórias.
A essa altura, é fácil zombar. O placar da série virou estatística cruel: 3-1. O time desconfigurado por lesão virou meme. A torcida exausta virou as costas. As pessoas estão mais interessadas em registrar o colapso do que em entender a origem.
Donovan Mitchell fez história com seus 41 pontos de média nesta série. Foi derrubado, machucado e continuou, corajosamente, a se levantar e pontuar. Mas, com essa derrota dura e uma torção no tornozelo que o deixou fora do segundo tempo, seu sacrifício e desempenho são desprezados em narrativas infundadas.
De’Andre Hunter, Evan Mobley e Darius Garland estão jogando no limite com suas lesões. Garland foi quem assumiu a responsabilidade, jogando o terceiro quarto inteiro (com muita dor), para diminuir a vantagem de 43 e evitar uma humilhação maior. E, mesmo assim, as manchetes do dia foram “vergonha” e “falta de resistência”.
Claro, o time falhou. A postura foi irreconhecível no Jogo 4. O ataque travado, a defesa perdida, o banco sem contribuição. Não há como ignorar isso. Mas é impossível exigir resposta sem reconhecer o contexto. Quando um elenco joga machucado, emocionalmente esgotado e, ainda assim, volta para tentar — isso já é uma resposta.
Essa série não está nas mãos do talento. Não está na tática. Está na cabeça. Os playoffs da NBA se tratam de respostas — de como seu time vai reagir. E o Jogo 5 vai ser sobre as escolhas que esse time vai fazer: se a escolha for lutar, até mesmo tentar a virada, ou se vai cair sem dignidade.
É uma batalha mental. Mas aqui vai o ponto: uma série de sete jogos é feita para testar o psicológico. Perder feio o Jogo 4 pode ter sido a melhor coisa que aconteceu — ou a pior. Porque agora não tem mais ilusão. Ou eles quebram esse ciclo, ou esse ciclo engole todos eles.
Se o Cleveland Cavaliers vencer o Jogo 5, tudo muda. Indiana começa a sentir o peso. A dúvida muda de lado. E aí, o que hoje parece impossível vira combustível. Não é tático. É visceral: esse time ainda não jogou sua última carta. E, enquanto ela estiver no baralho, tem jogo.
Foto: NBA.com / Divulgação
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